A noite estava
nublada demais, e o vento frio dava-me a certeza de que algo possivelmente
aconteceria, fora do normal.
Ao sentir um
arrepio e a pontada no lado esquerdo do peito, pausei-me do mundo e das pessoas
que estavam ao meu lado.
Em passos lentos
segui sem um possível rumo, meus pés sabiam a direção, apenas eles.
Mãos geladas, ao
ponto de congelar aquele pingo d’água. Água que caíra do céu, deslizando em
minha face.
Com o olhar nas
nuvens, notei a chuva que se aproximara.
Voltei o olhar à
frente e era inevitável não notar a presença, a tua presença.
A distancia era
relativa, mas, considerável.
Arrisquei em alguns
passos, mas, depois não consegui mais.
Avistava apenas
aquele olhar que me fascina.
E as gotas formavam
o cenário da mais perfeita noite fria.
Era como não
conseguir o que tanto queria.
Em dois pólos cada
um de nós.
Aquela chuva só
decretou que ficaria ali parada, completamente molhada.
Os olhos marejados,
a culpa no coração.
A esperança
derramada.
E eu estava pronta
a lhe dizer o que sempre me pediu.
Só faltou chegar a
mim.
Descobri que não posso
fazer tudo.
E quando espero que
façam no mínimo uma coisa por mim, a mim, não fazem.
O frio e a chuva
acolheram-me bem.
Pois meus passos
voltaram da onde eu deixei o meu mundo.
E a um estralar de
dedos, todos voltaram.
E apenas eu, senti
tudo aquilo.